20/12/2011

A vida...


A vida... e a gente põe-se a pensar em quantas maravilhosas teorias os filósofos arquitectaram na severidade das bibliotecas, em quantos belos poemas os poetas rimaram na pobreza das mansardas, ou em quantos fechados dogmas os teólogos não entenderam na solidão das celas. Nisto, ou então na conta do sapateiro, na degradação moral do século, ou na triste pequenez de tudo, a começar por nós.
Mas a vida é uma coisa imensa, que não cabe numa teoria, num poema, num dogma, nem mesmo no desespero inteiro dum homem.
A vida é o que eu estou a ver: uma manhã majestosa e nua sobre estes montes cobertos de neve e de sol, uma manta de panasco onde uma ovelha acabou de parir um cordeiro, e duas crianças — um rapaz e uma rapariga — silenciosas, pasmadas, a olhar o milagre ainda a fumegar.
                                                                                                               Miguel Torga, in "Diário (1941)

18/12/2011

Riquezas e indiferenças!

"A maior desgraça de uma nação pobre é que, em vez de produzir riqueza, produz ricos." (Mia Couto)


Teodoro Obiang Nguema Mbasogo é o Presidente da Guiné Equatorial... foi eleito pela revista Forbes o oitavo governante mais rico do mundo, apesar do seu país ser considerado um dos mais pobres do mundo.
 Isto é, no mínimo, repugnante... tendo estado próximo de algumas realidades que me marcaram para sempre, a verdade é que nunca observei este fenómeno ao lado da "miséria absoluta" como acontecerá em tantos locais... como é que conseguimos acordar, dia a pós dia, e sermos indiferentes?  
Dá vontade de gritar... 
Dá vontade de mudar...
Dá vontade de acreditar...
Esperança...
Fé... 
"E se eu der tudo?"
"Mestre, mostra-me o caminho e eu vou..." / "Não! Vem... e eu mostro-te o caminho!!"

27/11/2011

Inspirar...


Um professor que tenta ensinar, sem inspirar o aluno com o 
desejo de aprender, está a martelar em ferro frio
Horace Mann

Tenho dado por mim a pensar muito... ontem, no final de um dia estafante, no final da noite, guardei uns minutos para dar uma volta junto ao rio! Ambiente tranquilo, uma noite óptima de novembro...

Mudam-se os locais, as pessoas, o emprego, a casa onde vivo... "mudam-se os tempos, mudam-se as vontades"? Os desafios são, por certo, diferentes! 

Mas o que é que realmente me move para, de repente, vir parar a Lisboa, vir parar ao meu local de trabalho onde praticamente tudo é novo?

Certamente o "desejo enorme de inspirar", o desejo de me sentir parte integrante da formação integral dos meus alunos, de ser professor a tempo inteiro... acordar e pensar: hoje vou continuar a contribuir para um mundo melhor, para que a vida de x crianças seja mais fértil, que dê mais frutos outrora, que tenha mais substância...

E isso acontece realmente? Não faço a mais pequena ideia.. :-)

Mas o desafio é esse... ir e permanecer, partir e confiar!

Boa semana para aqueles que por aqui vão passando, mesmo que isto ande muito, muito parado...

13/09/2011

Regresso

Sem muita vontade de escrever ultimamente, serve este post para assinalar a viragem que tive na minha vida: decidi aceitar um projecto do Colégio Pedro Arrupe, em Lisboa e sou professor de Educação Física nesta escola com a marca de Santo Inácio de Loyola!

Mas mais do que tudo, larguei as amarras e vim parar a Lisboa... onde finalmente me aproximo de tantos amigos (que tantas vezes estavam tão longe) e me afasto de outros (que tantas vezes continuarão a estar perto!)!

Dizem que Lisboa é uma das cidades mais belas do mundo... terei tempo para comprovar isso mesmo!

Partir...

Domingo passado estive na missa de envio dos novos Leigos para o Desenvolvimento... Há 4 anos atrás tinha sido eu a sentar-me naqueles bancos, do lado direito da Igreja do CSJB! 
Volvidos 4 anos e tudo continua a fazer sentido... na altura com caras diferentes, com personalidades diferentes e com ideias diferentes... mas com o mesmo Deus presente e que me fazia muito confiante!

Domingo ouvi a frase que mais sentido dá às alturas em que tenho que responder "Mas porque é que partiste?"... a resposta deu-a o Padre Miguel Almeida, nesta missa:

Vocês foram chamados a partir não porque são bons... mas para serem melhores!

Espreitem e conheçam este projecto maravilhoso!
http://www.leigos.org/

13/03/2011

Simplesmente Genial... um filme incrível!

O filme Shine, de Scott Hicks, com uma interpretação brilhante de Geroffrey Rush, conta a história verídica de David Helfgott... vale a pena ler e conhecer em http://www.davidhelfgott.com/biography/

Ver este filme é genuinamente inspirador... porque se trata de uma ligação quase perfeita entre um homem e um instrumento, cuja simbiose parece gerar apenas um só corpo.

As parecenças entre a interpretação de Rush e a vida real de David Helgott são incríveis, o que atesta, ainda mais, a qualidade e genuinidade deste filme.

Parafraseando o autor do livro Senhor dos Anéis: 
No mundo há dois tipos de pessoas.:os que viram o filme Shine... e aqueles que ainda o irão ver!!

E fica um vídeo de David Helgott, em uma das suas maravilhosas interpretações em piano.

11/03/2011

Faculdade...

Hoje acordei saudoso... saudoso dos 3 mosqueteiros, das jogatanas de futebol no relvado do meu prédio, das zangas, dos risos, dos choros e das partilhas! Pouco faltou para nascer a tertúlia que imaginámos, ao "estilo do Clube dos Poetas Mortos"... uma tertúlia para discutir, ouvir boa música, partilhar! Ficou por terra a ideia... e agora ficou escritar no ar! Uns por Viseu, outros por Cinfães, outros por Andorra, outros até por Santo Tirso... mas a verdade é que, aos poucos, vamos juntando essa tropa fantástica que são os 4 mosqueteiros, colegas, amigos, irmãos...
Fica Carlos Paredes, com Verdes Anos... uma música que sempre nos unirá! E a foto do almoço de Natal em Cinfães... porque se seguirá o almoço da Páscoa!!

27/02/2011

127 Horas

Estava muito curioso com um filme que julguei ser muito monótono, com potencial para ser muito pouco para o argumento de um filme: 127 horas passadas dentro de um buraco! 

Surpreendi-me e vi um filme belíssimo, duma história de coragem, de uma beleza fotográfica inacreditável... com um argumento emocionante e muito bem construído.

Recomendo e fico sempre a pensar: o que me prende e me deixa imóvel? Do que é que preciso de me libertar, por mais que me custe? O que preciso de deixar para trás? Afinal, é disso mesmo que este filme se trata!

22/02/2011

Kevin Carter

Hoje veio esta notícia no jornal O Público.


Deve o fotojornalista apenas mostrar a realidade crua através da sua lente ou interferir nela quando a sua consciência assim o exige? Kevin Carter achou que não devia interferir, em 1993, quando fotografou, para o New York Times a imagem de um bebé do Sudão, caído no chão, enquanto no mesmo plano um abutre esperava pacientemente pela refeição. Não salvou a criança e o mundo, que deu o bebé como morto, criticou-o e chamou-lhe a ele próprio abutre. Carter acabou por ganhar o prémio Pulitzer com esta imagem que o perseguiu e o levou ao suicídio aos 33 anos.

Afinal, conta este fim-de-semana o El Mundo, o bebé era um menino, chamava-se Kong Nyong, e sobreviveu ao abutre. Segundo o jornal espanhol a enfermeira Florence Mourin, que coordenava os trabalhos do programa das Nações Unidas para o combate à fome no Sudão em Ayod, o local onde tudo aconteceu, que o menino estava a ser acompanhado, como prova a pulseira branca na mão direita, que se podia ver na fotografia premiada. Uns tinham a letra T nas pulseiras, para casos de subnutrição grave. Outros tinham a letra S, quando precisavam de suplementos alimentares. Kong, que tinha marcada na pulseira a inscrição T3, sofria de subnutrição grave, foi o terceiro a chegar ao centro das Nações Unidas. E sobreviveu, conta Florence ao El Mundo, que foi até Ayod para reconstituir, 18 anos depois, a história daquela imagem.

Kong viveu até 2007, depois morreu de “febres”, contou o pai do menino.

Kevin Carter suicidou em 27 de julho de 1994, na garagem de sua casa. Deixa um bilhete que dizia: “estou a ser perseguido pela viva memória de matanças, cadáveres, cólera e dor…pelas crianças famintas ou feridas…pelos homens loucos com o dedo no gatilho, mesmo polícias executivos assassinos…”

21/02/2011

Procurar... descobrir!


"Eu não procuro. Descubro" (Pablo Picasso)

Uns desistem...
Outros acomodam-se...
Uns desesperam...
Outros sentam-se e esperam...
Uns persistem...
Outros prosperam...
Eu procuro...
Eu descubro!

Vamos ousar a diferença... vamos partir e descobrir?